terça-feira, 28 de abril de 2015



Chico Buarque Part 


Roberta Sá


Mambembe

No palco, na praça, no circo, num banco de jardim
Correndo no escuro, pichado no muro
Você vai saber de mim
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Mendigo, malandro, muleque, mulambo bem ou mal
Cantando
Escravo fugido, um louco varrido
Vou fazer meu festival
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Poeta, palhaço, pirata, corisco, errante judeu
Cantando
Dormindo na estrada, no nada, no nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando

 Fontes
Letra:http://letras.mus.br/chico-buarque/84723/
Música do youtube: https://www.youtube.com/watch?v=u0-iovg0mq4

Fermento Pra Massa





Criolo

Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar
Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar
Tem fiscal que é partideiro
Motorista, bicheiro e DJ cobrador
Tem quem desvie dinheiro e atrapalha o padeiro
Olha aí, seu doutor!
Eu que odeio tumulto
Não acho um insulto manifestação
Pra chegar um pão quentinho
Com todo respeito a cada cidadão
Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar
Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar
Tem fiscal que é partideiro
Motorista, bicheiro e DJ cobrador
Tem quem desvie dinheiro e atrapalha o padeiro
Olha aí, seu doutor!
Eu que odeio tumulto
Não acho um insulto manifestação
Pra chegar um pão quentinho
Com todo respeito a cada cidadão
Então, parei (parei)
E até pensei (pensei)
Tem quem goste
Assim do jeito que tá
Farinha e cachaça é fermento pra massa
Quem não tá no bolo disfarça a desgraça
Sonho é um doce difícil de conquistar
Seu padeiro quer uma casa pra morar
Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar
Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar

 Fontes
 Letra de música:http://letras.mus.br/criolo-doido/fermento-pra-massa/
Video do youtube: https://www.youtube.com/watch?v=yD631f4zh9g

Espírito Independente




Mc Marechal


Os verdadeiros sabem de onde eu vim
Reconhecem quando os versos são de coração
Um só caminho. Mais que música, é uma missão
Não rendo pra gravadora. Quer me por sobre pressão
Não sei fazer o som do momento
Eu faço do momento um som
Independente! Demora pra lançar, pra fazer
Demora pra tu perceber que tamo junto é só você. E foda-se CD! Eu tenho conteúdo lírico
CD é só matéria. Minhas rimas ferem teu espírito
Underground é o caralho. Sou pé no chão
Em honra aos sangue do meu sangue, eu jamais dei meu sangue em vão
Meu som é de vida e se divide em longevidade e visão
Mas sem neurose. Igual Calypso, se eu puder vendo um milhão
O tempo passa? Deixa engulir quem precipita
Eu com tempo vou em mais lugar, e o amor dos meus se multiplica
Eu trago o que é eterno pra escrita. Minhas simples rimas explicam
Meu disco? Nunca vai sair, vagabundo
Meu disco fica
Nos diskman. Nos três em um caseiro
No trabalho quando o patrão não tá vendo
Meu disco tem sentimento verdadeiro
Se tu não tem. Desculpa se não tá entendendo
Eu vivo a rua. Trabalho como quem foca um legado
Sou igual vendedor de revista ocas, tá ligado?
Meus tempos sem notícia. Não diz que eu tô parado
Que dizer, se prepara! Vai vir vários rap bolado
Era uns riscos num guardanapo. Hoje são 1000 letra no arquivo
Processo é louco. Cada vez mais seletivo
Se não tem suíngue não insiste. Não tem flow, escreve livro
Não tem letra, desiste. Se naum tem show, se mata ao vivo
Eu ouço as conversa de rap. Sempre com um tom de saudade
"Tempo bom que não volta.." Assunto já tomou a cidade
Setembro, 7? Vamos voltar à realidade
Não tá faltando rap... Tá faltando é rap de verdade
1 por amor, 2 pra levar mensagem
Diz pro patrocinador fortalecer rango e passagem
Põe caixa de som pesada, um mic bom que dê pra ouvir
Quem nunca viu vai sair do show tipo:
'Caralho! Viu os free'?
Rap é sentimento. Mão pra cima geral
Não preciso pedir barulho. Neguinho faz porque é real
Vídeo disso aqui na net? É claro que não tem meu aval
Porque computador não capta a emoção espiritual
Isso pra mim é um ritual. Sessão de sacrifício
É mais de 10 anos na pista e o sangue pulsa igual no início
Viver disso é difícil. Raros chegam a esse nível
Mas eu amo tanto o que faço, que esse amor faz ser possível


Fontes:
Letra:http://letras.mus.br/mc-marechal/1386898/

Video do Youtubehttps://www.youtube.com/watch?v=9IzEgoq7oUo




É a Guerra Neguinho




Mc Marechal



Eu vejo a multidão de cego só crescendo olho na terra
Querem as jóias da coroa, forças, fronteiras se alteram
Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera
Impérios caem com novos reis, us tempo passa a ser de guerra
Rua sangra, tensão triplica, eu vi camisa com desenho do mundo escrito
Isso aqui é de quem se antecipa
Eu incorporo o Sun-Tzu bolação vietnamita
Osama Bin que dinamita os bucha que desacredita
Gritaria, choradeira, tiro, cheiro, desespero
Se entregaram, desistiram, meus irmão escreveram
Na calada, somos rato, rap é o eco dos bueiros
Geração nos ouviram e os que não podiam ter rádio, leram
Os que não sabem ler me viram, distinguiram o coração
Mensagem clara de que a tropa precisa ta em formação
Precisa da informação, mais precisa pra que no fim
Possa provar que as bala vindo não estão tão perdidas assim
É a guerra, neguinho! Pronde correr não tem
Fumaçou, ouço chamar meu nome, não vejo ninguém
Vários sumiram, us famílias tão sem notícia
Mancha vermelha nas de cem e envelope na mão do polícia
É a guerra, neguin, nós somo a guerra, neguin
Sofremo a guerra, neguin, vivemo a guerra, neguin
Meu estilo é a guerra, neguin, Brasil é a guerra, neguin
Michigan é a guerra, neguin, Nós somo a guerra, neguin
A gente tem que enfrentar essa guerra diariamente
Saber que às vezes tá calor, às vezes faz frio
Entender qual é o procedimento
Não se camuflar! Ir pra frente!
Por isso mesmo eu sou um deserto, honro meu DNA sobrevivente
Ainda carrego no ombro a alma dos que não tão mais com a gente
Meu bonde ta obstinado pra formar as linha de frente
Foda-se campo minado, porque nós "caminha" com a mente
Temo as plantas do campo, dos climas da matas
Dos cantos dos pântanos, instinto primata
Eu ataco nos flancos, nos antraz da carta
E os inimigos eu empilho montanha igual dos 300 de Esparta
Rio de janeiro, sangue segue a correnteza
As hienas tão rindo e rondam na espreita pra sobremesa
Eu conheço o mal do homem, jamais subestima a surpresa.
No acampamento eu sou um dos últimos ainda tá com a luz acesa! Ó
Isso representa a eternidade
Meus parceiros mais sinceros que foram pela verdade, salve!
Pela clareza da saudade, eu peço a Deus mais luz
Tá noite, mas eu sei que ainda não é tarde
Três rebite pra me manter de pé com a cabeça erguida
Sem piscar tipo 300 café, catuaba aqui tá
Meu sorriso de demônio, whisky nas ferida
Eu sou a guerra, entendo a porra da vitória mais que a vida
Por que a dor é minha amiga, meu ódio é meu ombro diz:
Encosta aqui vem, princesa, que hoje eu te faço feliz.
Em dobro o que o inimigo quer, sem arrependimento
Quer me matar? Eu faço tu sentir isso por dentro!
Cada vez que eu rimo ponho a minha alma em todas partes da letra
Como se escrevesse nos teus cornos com a ponta da baioneta


 Fontes

Letra:http://letras.mus.br/mc-marechal/1728920/

Video do youtube:https://www.youtube.com/watch?v=0l8iVxmJ4fc

Mãe África




Clara Nunes 


No sertão, mãe que me criou
Leite seu nunca ma serviu
Preta Bá foi que amamentou
Filho meu, filho do meu filho
No sertão, mãe preta me ensinou
Tudo aqui nós que construiu
Filho meu, tu tem sangue Nagô
Como tem todo esse Brasil
Lelê ô lelê ô lelê ô lalá
Lelê ô lelê ô lelê ô lalá
Lelê ô lelê ô lelê ô lalá
Lelê ô lelê ô lelê ô lalá
Oiê, dos meus irmãos de Angola África
Oiê, do tempo do quilombo África
Oiê, pra Moçambique-Congo África
Oiê, para a nação bangu África
Pelo bastão de Xangô
E o caxangá de Oxalá
Filho Brasil pede a bênção Mãe África
Pelo bastão de Xangô
E o caxangá de Oxalá
Filho Brasil pede a bênção Mãe África

Letra:http://letras.mus.br/clara-nunes/1201407/
Video do youtube:https://www.youtube.com/watch?v=SP7hLqaU0Ak

Medieval 2



Cazuza

Você me pede
Pra ser mais moderno
Que culpa que eu tenho
É só você que eu quero
Às vezes eu amo
E construo castelos
Às vezes eu amo tanto
Que tiro férias
E embarco num tour pro inferno
Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova Idade Média
Na mídia da novidade média
Olha pra mim, me dê a mão
Depois um beijo
Em homenagem a toda
Distância e desejo
Mora em mim
Que eu deixo as portas sempre abertas
Onde ninguém vai te atirar
As mãos vazias nem pedras
Eu acredito nas besteiras
Que eu leio no jornal
Eu acredito no meu lado
Português, sentimental
Eu acredito em paixão e moinhos lindos
Mas a minha vida sempre brinca comigo
De porre em porre, vai me desmentindo
Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova Idade Média
Na mídia da novidade média

Fontes
Letrahttp://letras.mus.br/cazuza/1431618/
Video do youtube:https://www.youtube.com/watch?v=6K3oWkpPfHA

Ana de Amsterdam




Chico Buarque



Sou Ana do dique e das docas
Da compra, da venda, das trocas de pernas
Dos braços, das bocas, do lixo, dos bichos, das fichas
Sou Ana das loucas
Até amanhã
Sou Ana
Da cama, da cana, fulana, sacana
Sou Ana de Amsterdam
Eu cruzei um oceano
Na esperança de casar
Fiz mil bocas pra Solano
Fui beijada por Gaspar
Sou Ana de cabo a tenente
Sou Ana de toda patente, das Índias
Sou Ana do oriente, ocidente, acidente, gelada
Sou Ana, obrigada
Até amanhã, sou Ana
Do cabo, do raso, do rabo, dos ratos
Sou Ana de Amsterdam
Arrisquei muita braçada
Na esperança de outro mar
Hoje sou carta marcada
Hoje sou jogo de azar
Sou Ana de vinte minutos
Sou Ana da brasa dos brutos na coxa
Que apaga charutos
Sou Ana dos dentes rangendo
E dos olhos enxutos
Até amanhã, sou Ana
Das marcas, das macas, da vacas, das pratas
Sou Ana de Amsterdam
Fontes:
Letra:http://letras.mus.br/chico-buarque/85840/
Video do Youtube :https://www.youtube.com/watch?v=WdZfhtJRNV8

Brasil




Cazuza



Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito
É uma navalha
Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer
Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada
Prá só dizer "sim, sim"
Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Grande pátria
Desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair
Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Confia em mim
Brasil!
Fontes:
Letra:http://letras.mus.br/cazuza/7246/
Video do youtube: https://www.youtube.com/watch?v=NkNv2BflaSU

Canto Das Três Raças


Clara Nunes

Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor






C





Link do youtube: https://www.youtube.com/watch?v=dcVKb2ht6BE

Fonte : http://letras.mus.br/clara-nunes/83169/

Bom dia =) Análises das músicas referente

Construção




Chico Buarque




Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

segunda-feira, 27 de abril de 2015



Como Nossos Pais




Elis Regina Letra Belchior



Não quero lhe falar
Meu grande amor
Das coisas que aprendi
Nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa
Por isso cuidado, meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado pra nós
Que somos jovens
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço
O seu lábio e a sua voz
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sinto tudo na ferida viva
Do meu coração
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando o vil metal
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais





















https://


Arnaldo Antunes part Jorge ben Jor




As Árvores




As árvores são fáceis de achar
Ficam plantadas no chão
Mamam do sol pelas folhas
E pela terra
Também bebem água
Cantam no vento
E recebem a chuva de galhos abertos
Há as que dão frutas
E as que dão frutos
As de copa larga
E as que habitam esquilos
As que chovem depois da chuva
As cabeludas, as mais jovens mudas
As árvores ficam paradas
Uma a uma enfileiradas
Na alameda
Crescem pra cima como as pessoas
Mas nunca se deitam
O céu aceitam
Crescem como as pessoas
Mas não são soltas nos passos
São maiores, mas
Ocupam menos espaço
Árvore da vida
Árvore querida
Perdão pelo coração
Que eu desenhei em você
Com o nome do meu amor.

Sonho Médio





Dead Fish

Amanheceu mais uma vez
É hora de acordar para vencer
E Ter o que falar
Alguém para mandar, uma vida pra ordenar
Poder acumular e ai então viver
Viver e prosperar, mais nada a pensar
Me myself and I, e assim permanecer
Credicard ,status quo, é tudo que penso ser
Ilusão é questionar
O sonho médio vai, vai te conquistar
E todo dia iremos juntos ao shopping pra gastar
Ter e sempre acreditar, princípio meio e fim
A hipocrisia vai vencer, vou sorrir pra você
Será uma festa em meio ao caos e as pessoas feias pagarão
Pois somos os eleitos, pelo menos achamos ser
Nossa raça é superior, mas vou fingir ser daquela cor
Roberto Campos é o nosso gurú
E para sempre seremos liberais pra trabalhar, pra viver!
Não me importa se meus filhos não terão educação
Eles tem é que Ter dinheiro e visual
O sonho médio vai, vai te conquistar
Mentalidade de plástico e uma imagem a zelar


Dead fish contra todos



Nas armadilhas da cidade que nos causa repulsa
Nosso horizonte podia ser mais azul
Mas você fica tão bem sob estes tons de cinza
E seus olhos verdes
Sempre me refletem algo bom

Isso é uma guerra e nós sabemos
Fomos criados no meio disso
E no fim das contas ia piorar
Posso ver que está cansada
Entendo seu mau-humor
Espero que não desista

Baby, você pode o que quiser
A vida é tua
E eu sei, podia ser melhor

Somos nós contra todos
Vamos vencer!
Somos nós contra todos
Vamos vencer!

Eu sei, são muitos ladrões, gangueiros, mendigos e nóias
Viver no meio do que sobra disso aqui não é tão bom
Mesmo eles chamando de Manhattan o que sabemos ser
A Bombaim glamourosa

Baby, você pode o que quiser
A vida é tua
E eu sei, podia ser melhor

Somos nós contra todos
Vamos vencer!
Somos nós contra todos
Vamos vencer!
Somos parte do jogo
Sem perceber
Somos nós contra todos
Eu e você...
Contra todos! Contra todos!

Somos nós...
Somos nós contra todos!


Geni e o Zepelim



Chico Buarque

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: "Mudei de ideia!"
Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir
Essa dama era Geni!
Mas não pode ser Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
(E isso era segredo dela)
Também tinha seus caprichos
E ao deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai, Geni!
Vai com ele, vai, Geni!
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni!
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!
Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

 Banda



Chico Buarque

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas
Parou para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor


Coisa De Pele




Jorge Aragão

Podemos sorrir, nada mais nos impede
Não dá pra fugir dessa coisa de pele
Sentida por nós, desatando os nós
Sabemos agora, nem tudo que é bom vem de fora
É a nossa canção pelas ruas e bares
Nos traz a razão, relembrando palmares
Foi bom insistir, compor e ouvir
Resiste quem pode à força dos nossos pagodes
E o samba se faz, prisioneiro pacato dos nossos tantãs
E um banjo liberta da garganta do povo as suas emoções
Alimentando muito mais a cabeça de um compositor
Eterno reduto de paz, nascente das várias feições do amor
Arte popular do nosso chão...
É o povo que produz o show e assina a direção
Arte popular do nosso chão...
É o povo que produz o show e assina a direção




ÁGUAS DE MARÇO
Composição: Tom Jobim
Interpretação: Elis Regina e Tom Jobim

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira

É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É uma ponta, é um ponto, é um pingo pingando

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando

É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração



Tom Jobim

Trem De Ferro
( Poema Manoel Bandeira /  Música (Antonio Carlos Jobim) participação Olivia Hime

Café com pão
Café com pão
Café com pão

Virgem Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão

Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pato
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
Que vontade
De cantar!

Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficia
Ôo...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo...
Vou mimbora voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

Dia 27/04/2015 Música sobre a Música Teraa de Cetano Veloso,analisa-se aspectos críticos e de estudos de reflexão da música

 Terra Caetano Veloso

Muito (Dentro da Estrela Azulada)

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so, na cela de uma cadeia
Foi que eu vi pela primeira vez, as tais fotografias
Em que apareces inteira, porém lá não estava nua

E sim coberta de nuvens
Terra, terra,
Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria

Ninguém supõe a morena, dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema, mando um abraço pra ti
Pequenina como se eu fosse o saudoso poeta

E fosses a Paraíba

Terra, terra,

Por mais distânte o errante navegante

Quem jamais te esqueceria

Eu estou apaixonado, por uma menina terra
Signo de elemento terra, do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza, terra para a mão carícia

Outros astros lhe são guia

Terra, terra,

Por mais distânte o errante navegante

Quem jamais te esqueceria
Eu sou um leão de fogo, sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente,e de nada valeria
Acontecer de eu ser gente e gente é outra alegria

Diferente das estrelas

Terra, terra,

Por mais distânte o errante navegante

Quem jamais te esqueceria

De onde nem tempo e nem espaço, que a força te de coragem
Pra gente te dar carinho, durante toda a viagem
Que realizas do nada,através do qual carregas

O nome da tua carne

Terra, terra,

Por mais distânte o errante navegante

Quem jamais te esqueceria
Na sacadas do sobrado, da eterna são salvador
Há lembranças de donzelas, do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem

A Bahia tem um jeito

Terra, terra,

Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria